Decidi fazer serão.
Tratar de papelada não era a minha função predilecta - aliás, eu era muito desorganizada -, mas por opção escolhi ter uma noite solitária ocupada.
A luz artificial dos candeeiros do escritório onde me encontrava era somente acompanhada por um suave luar. Porém, a dada altura o escuro deu-me a sensação perturbadora de que mais alguém ali estava.
Não. Era impressão minha. Todos os funcionários tinham ido embora. Eu tinha-os mandado embora...
Claro, mas ele não era um simples funcionário... Ele era o dono do consultório!
O meu coração palpitou como há mais de três anos não o fazia. O que era isto? O meu corpo respondeu à hipótese daquele corpo masculino ali estar.
Deixei-me estar sentada. Respirei fundo. Tentei colocar toda a minha atenção à necessidade de resolver determinadas burocracias. Mas já não era possível.
Recostei-me na cadeira, fechei os olhos e mais uma vez respirei fundo.
- Estás a dormir em vez de trabalhares?