Não me perguntes isso, João! Não me coloques nessa posição do não-retorno. Eu faço isso, eu é que comando isso... como não sei a resposta, peço que não o faças...
Tive mais uma oportunidade para viver. Tu deste-me mais uma oportunidade para aproveitar algo que não sei se quero. Deixa-me absorver essa ideia... deixa-me pensar o que quero fazer, deixa-me analisar se o sentimento que sinto por ti é suficientemente forte para me prender à vida. Ontem não o foi, não sei se hoje o será.
Amor. O que é isso? Há um ano senti que algo me impeliu para os teus braços. Mas agora não sinto que isso seja suficiente... Porém, consciencializar-me hoje, nesta cama gélida de hospital, que há a forte possibilidade - por tentar suicidar-me de novo ou simplesmente por decisão minha em afastar-te - que não te voltarei a ver, que não te terei novamente a meu lado quando acordar de manhã, que não voltarei a vislumbrar o teu sorriso, o teu riso acolhedor... Consciencializar-me que também te posso perder... Aguentaria tal golpe?
- Não quero que vás embora, quero-te aqui ao pé de mim. Preciso de ti.
- Foi assim tão difícil admitir que não queres estar sozinha? Que precisas de alguém ao teu lado? - Esboçou um ligeiro sorriso. Como eu gostava do sorriso dele.