Aquele final de tarde de segunda-feira prometia ser um momento de mudança.
Lá me encontrava no café da esquina, onde habitualmente ia tomar o meu café antes de ir para casa, ciente que a decisão que tomara uns dias antes era a mais acertada. Agora só faltava que aquele friozinho no estômago permitisse que avançasse, além do nervoso miudinho que criara um tique no sobrolho. Maldita falta de coragem! Maldita timidez! Maldito medo de me magoar novamente!
Olhei o relógio e aquele movimento do ponteiro dos segundos indicou-me que seria perfeito levantar-me da minha cadeira refúgio e me ir apresentar. Mas o que lhe iria dizer? Qual o motivo de me ir apresentar? Dizia-lhe apenas que já tinha reparado que era cliente habitual como eu? Raios, pensar demais nestas coisas só atrapalha.
Levantei-me. Dirigi-me à mesa do desconhecido, que ficava do outro lado do estabelecimento. Queria-me apressar para que aquela ínfima coragem não fugisse pela porta da rua e me deixasse ali sozinha.
Porém, naquele preciso instante em que ia dar o último passo para chegar à sua mesa, chegou uma mulher sorridente, que lhe deu um carinhoso beijo na face.
Acabei por me desviar e fingir que tinha decidido ir à casa-de-banho...