Encarei o dia seguinte com pouca energia, mas decidida a enfrentar diversas decisões e a fugir dos meus sentimentos.
Tal como dissera ao Tiago na noite anterior, às dez da manhã, hora de abertura da loja, comecei a pesquisar imobiliárias, para o mais tardar na próxima semana, já ter a sinalética na nossa casa de 'vende-se'.
Depois de um almoço recheado de pouco apetite - a sandes mista que preparei para mim em casa ficou praticamente intacta - esperei que a Adriana, a minha funcionária, chegasse para me fazer companhia e claro para a informar da minha possível ausência nos próximos dias.
- Eu sei que amanhã era o meu dia de trabalho, Dri, mas depois compenso-te. Vou para fora e em princípio vou já hoje ao início da noite.
- Para onde vai? Vai ficar contactável? - perguntou, encostada ao balcão. Era uma miúda de vinte e um anos, que decidira largar os estudos há muito tempo e desde então entrara no mundo do trabalho. Era praticamente da minha altura, um pouco mais forte que eu. Tinha o cabelo pintado de ruivo, uma farta cabeleira encaracolada; os olhos negros como azeitonas sobressaíam na pele clara do rosto. Estava na loja há quase um ano, praticamente desde a sua abertura.
- O meu telemóvel vai estar ligado, mas só atenderei se for daqui da loja, está bem? Se não atender por algum motivo, qualquer dúvida tiras com o Tiago. Se ele não aparecer aqui amanhã, em princípio, segunda ele vem. - respondi.
- E voce? Quando regressa?
- Ainda não sei, mas estou a contar talvez na terça ou na quarta já vir trabalhar. Não te vou dizer para onde vou, porque de certeza o Tiago vai perguntar e apesar de não ser dificil imaginar para onde vou, não quero que ele te interrogue. Tenho completa confiança em tia como sempre tive, Dri, está bem?
- Está tudo bem, Diana? - quesitonou, os seus olhos inocentes transparecendo um misto de preocupação e curiosidade.
- Não me apetece falar sobre isso, Adriana. Vou só fazer uns telefonemas que preciso e daqui a pouco vou-me embora.