Os TEXTOS que se seguem são pura FICÇÃO e qualquer semelhança com a REALIDADE é pura coincidência!
Este espaço permite-me dar-vos a conhecer todo o meu entusiasmo pelas palavras.


df @ 11:27

Sex, 04/09/09

 

Acordei com o corpo dorido.

Estava no sofá, abraçada ao Ricardo, que começava também a despertar, vendo a figura fosca da Filipa.

- Vocês querem continuar a dormir aí? - perguntou ela, num trejeito irónico.

- Já chegaste? - questionei, numa situação completamente óbvia.

- Sim. Já são quase duas da manhã, Di.

Fui para o quarto de hóspedes, ainda estremunhada, feita criança birrenta que tinha sido acordada de um sonho bom. A Filipa colocou uns lençóis praticamente novos, como a própria afirmou, e um cobertor no sofá, para o Ricardo se sentir um pouco mais confortável.

Depois de termos comido pizza, recomendação da Filipa, ficamos a recordar os velhos tempos, em que passávamos as tardes das férias entre idas à praia, que ficava longe das nossas casas, na pequena piscina que os meus pais tinham no terraço ou mesmo no café dos pais dele.

A minha mãe, quando não fingia que arrumava a casa, ia para o café, conversar com a Noémia, cuidar - ainda que forçosamente, porque parecia não gostar muito de crianças - do filho mais novo da sua grande amiga, que dubiamente não a conhecia realmente.

Acho que nunca ninguém chegara a conhecer os meus pais...

 

À medida que eu e o Ricardo íamos crescendo, íamos perdendo a inocência para a pré-adolescência e para a violência e controlo exercido pelo meu pai.

Era custoso para ambos recordarmos os momentos em que nos encontrávamos e eu mostrava-lhe mais uma nódoa negra, invisível aos olhos dos outros, que o meu pai me tinha provocado, com o consentimento da minha mãe.

Os motivos nem sempre eram claros, Cheguei a uma altura da minha vida em que julguei mesmo que o meu pai tinha prazer em me castigar. Em me enfiar num local escuro, em me privar de comida, em me bater com o chinelo ou com o cinto...

Em criança, ele ainda me deixava brincar com o Ricardo. Deixava-me à-vontade com ele, pensando que não havia problema nenhum. Enfim, era o filho dos melhores amigos dele. Mas a sua mente suja, perversa, não permitiu que isso se prolongasse por muito tempo...

Cedo, o Ricardo apercebeu-se que algo estava errado. Os meus pais não eram como os dele.

Quando comecei a ir para a escola, tudo piorou. As brincadeiras, quase inexistentes na minha pequena vida, acabaram por se anular em prol da importância do sucesso escolar. O meu tempo livre seria passado somente a estudar, só ou acompanhada por eles; tinha que ser escrupulosamente pontual à chegada da escola e também à saída. Atrasar um minuto a chegar ao portão significaria uma invasão nas instalações pela minha mãe, que normalmente me ia buscar. Os meus supostos amigos na escola eram furto de peuqenos momentos passados em conversas fúteis rápidas nos intervalos. O meu único e verdadeiro amigo era o Ricardo...

Aprendi que o meu pai apenas queria sentir orgulho da minha pessoa, apesar de invariavelmente ter uma pré-disposição para distorcer as coisas. Ter aulas de natação e aprender a tocar um instrumento musical tinham sido ideias minhas, às quais, como é óbvio, o meu pai aceitou rapidamente. O meu objectivo era somente fugir um pouco à presença constante deles na minha vida; conhecer outras pessoas, outras realidades... No entanto, fui traída pelo meu próprio desejo.

O meu pai começou a exigir resultados.

Na música, gostava que mostrasse os meus dons às pessoas que nos visitavam em casa ou então no café, em frente à nossa casa. Ele achava a minha voz melodiosa. Eu não chegaria a tanto...

Comecei a extravazar toda aquela repressão e exigências nas letras das músicas que compunha. Mas até nisso tive que aprender a ser discreta. No entanto, elas encaixavam na perfeição de um desabafo repleto de significado.  Talvez isso, além da amizade com o Ricardo, me tenha salvo de querer terminar com a minha vida! Sim, cheguei a pensar nisso...

Por outro lado, o meu pai queria que eu participasse em competições de natação. Porém, depois do meu professor de natação falar com os meus pais sobre os sacrifícios que teríamos que fazer - levantar muito cedo, fazer viagens... - a minha mãe tratou de desfazer essa vontade do meu pai. Ela recusou terminantemente em me acompanhar e o meu pai não conseguiu visaulizar outra alternativa.

 



DESAFIO

Coloquei-vos há tempos o desafio de darem um TÍTULO à nova história que se irá desenvolver nos próximos meses aqui. Ainda não vos dei muita informação, a não ser que as personagens se chamam Rafael e Juliana e que trabalham na mesma empresa. Conforme vou publicando os posts, certamente irão perceber que há muitos segredos para serem revelados...
Além do título, também espero que deixem nos comentários o vosso feedback.
Obrigado
A Gerência

Rubricas:

Além de uma nova história a decorrer no blog, acompanhem também a nova rubrica do blog 'PERDIDOS E ACHADOS DA VIDA', pequenos textos que incidem sobre... Leiam e descubram...

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