(imagem retirada da internet)
Chove lá fora.
A névoa criada pela queda destas pingas necessárias para a vida quase impedem que eu veja para lá da cortina azul, para lá da janela, o mundo girar.
Estou resguardada no conforto da minha casa, enroscada no meu cobertor que guardo desde a infância, ignorando as imagens da televisão ligada, esperando que algo aconteça.
Observo as inúmeras janelas dos prédios à volta de onde estou, portas para outras vidas, e penso no que poderão estar as outras pessoas a fazer.
Mas rapidamente esqueço isso e prendo a minha atenção no pequeno gato que salta nos telhados. Malhado e molhado, passa de uma casa para outra, procurando um pequeno abrigo, para se poder enroscar como eu no calor do seu corpo. Desce de um muro para um quintal com aspecto abandonado e entra numa pequena barraca, que tem a porta envelhecida pelo tempo e um orifício suficiente para se poder esconder da chuva que cai e que ele não gosta. Perco-o de vista.
Mas atenta como estou para o que se passa lá fora, continuo a segurar a cortina para o lado e a olhar para os carros que chegam e partem, para as pessoas que se tentam proteger da chuva, mas que têm que lhe fazer companhia por um motivo ou por outro.
Como estou sozinha em casa e, apesar do do aconchego do meu lar, apetece-me sair lá para fora, correr sobre a chuva, cantar e gritar ao mundo que estamos juntos neste estado de tempo, que podemos partilhar a alegria da chuva e não a sua tristeza.
Mas fico-me pelos pensamentos...