Os TEXTOS que se seguem são pura FICÇÃO e qualquer semelhança com a REALIDADE é pura coincidência!
Este espaço permite-me dar-vos a conhecer todo o meu entusiasmo pelas palavras.


df @ 16:07

Sex, 18/12/09

- Não tenho forças para voltar a lutar. - comecei a chorar. O meu rosto estava lavado em lágrimas. Sentia a humidade da pela, mas mais ainda a dor das lembranças.

. Tens sim. Tiveste tanta coragem, como é que agora não tens, Di? - levantou a minha cabeça para ao enfrentar. - A coragem não se acaba.

- Pois a minha acabou. A minha acabou. - desabafei, entre soluços.

Senti os braços dele à minha volta. Reconfortante. Seguro. Já há muito tempo que não sentia uma paz tão avassaladora. Agarrei-me a ele com toda a minha força, sabendo que o desespero estava a terminar.

- Tive muitas saudades tuas. - murmurei-lhe ao ouvido.

- Eu sei, querida, eu também tive. Mas agora estamos aqui, juntos.

Olhei-o, desejando-o, querendo sentir os seus lábios nos meus, a sua pele quente tocar a minha.

Lendo os meus pensamentos, como quase sempre o fazia, deitou-me em cima da cama e colou-se ao meu lado, acariciando-me o cabelo.

Beijou-me com carinho e eu retribuí-lhe o gesto. Depois o beijo tornou-se mais intenso, cheio de desejo carnal e comecei a despi-lo com mãos nervosas e deliciámo-nos um com o outro, como se fosse a primeira vez...

 




df @ 15:03

Qui, 17/12/09

- Já acordaste?

- Parece que sim. Dói-me um pouco a cabeça.

- É natural! - retorquiu. Levantou-se da cadeira, que estava encostada à parede, mesmo ao lado da cómoda e sentou-se na cama, no lado oposto onde eu estava.

- O que aconteceu? Lembro-me de teres chegado e de me teres levado para a casa-de-banho e...

- Vomitaste. Nem chegaste a tomar banho. Resmungaste comigo e arrastaste-te até à cama. Nem sequer me deixaste ajudar-te.

- Já há muito tempo que não me acontecia tal coisa. - declarei.

- Precisas de comer qualquer coisa. Estiveste muitas horas a dormir com o estômago vazio. Vou preparar um chá e vais comer nem que seja duas bolachas. - afirmou seguro, ignorando o meu comentário.

Dez minutos depois, regressou ao quarto, com um tabuleiro, com o que tinha dito que eu ia comer, além de uma sandes para ele.

- Porque é que vieste aqui a casa, Ricardo? Eu sei que não cheguei a ir ter contigo.

- Pois, também achei estranho a tua demora. Eu tinha subido a casa e quando regressei ao café, disseram-me que tinhas saído da casa dos teus pais a correr e que tinham ficado com a impressão de que estavas a chorar. Achei estranho, mas esperei que me dissesses alguma coisa, mas não disseste... Depois telefonei-te, mas não me atendeste. Tentei, tentei, mas nada feito, não consegui falar contigo. Comecei a ficar preocupado, até que a minha mãe me disse para tentar vir ver se estavas em casa.

- Sim e aqui estava eu, bem acompanhada, não?

- O que te levou a embebedar-te? O que se passou com a tua mãe quando regressaste a casa?

Respirei profundamente, tentando escolher as melhores palavras para descrever aquilo que tinha acontecido há umas largas horas.

- Entrei na casa, no preciso momento em que o advogado saiu. Acertei mesmo. Uns minutos mais cedo e se calhar nada daquilo tinha acontecido... - desabafei, mais para mim própria.

- O que é que aconteceu, Diana? - A sua voz não parecia mais do que um murmúrio, preenchida de preocupação.

- É engraçado como a vida é recheada por breves momentos em que nos podem mudar a vida... Mal ouvi o barulho da porta fechar-se, só tive tempo de sentir uma dor enorme na cara. A minha mãe tinha-me batido... É inacreditável, não é? Pensei que isto já tinha acabado... há uns anos... - não evitei derramar uma lágrima. Era inevitável. A dor era tão grande... - Senti em cheio um anel que ela tinha... Ela fez-me muita coisa, mas nunca pensei que chegasse a esse ponto. Sempre tinha sido suficientemente esperta, para simplesmente fazer queixas ao meu pai... Mas agora não havia o meu pai para... Depois, ela fez um perfeito discurso de vítima. Que ela é que tinha dado a vida dela para estar ao pé do meu pai, que ela dedicou-lhe a vida e que nunca o tinha abandonado como eu, etc. etc., etc.... Que nem eu nem tu merecíamos fosse o que fosse do meu pai, muito menos eu, porque eu não passava, como sempre, de uma pessoa ingrata. Ela disse também que ia tentar fazer os possíveis para que o testamento fosse considerado inválido...

- Mas mesmo que faça isso, Diana, o único prejudicado sou eu, porque não tenho nenhum laço sanguíneo convosco.

- Eu sei disso e disse-lhe. Parecia que até àquele momento não se tinha apercebido da ironia das coisas. - Trinquei uma bolacha e senti o chá de camomila demasiado quente nos lábios. - Aí mudou o discurso.  Começou a dizer que o meu pai também a tinha desiludido. Começou a acusar o meu pai por este não lhe ter dado o valor que ela merecia, mas que tinha tido também oportunidade de lho dizer na cara. Mesmo antes de morrer...

- Isso é arrepiante, Diana.

- Isso fez com que o que a tua mãe me disse fizesse todo o sentido.

- O divórcio?! - interpelou ele.

- Sim. Se é verdade o meu pai a ter ameaçado com o divórcio, não sei até que ponto ela não iria para manter a boa vida que tinha há muitos anos.

- Acho que isso é uma acusação muito grave, Di. Estás a insinuar que a tua mãe seria capaz de matar o teu pai.

- Não digo que fosse capaz de matar, mas pelo menos pô-lo mais débil para ele continuar dependente dela. - Só de pensar nisso, o meu estômago revirava-se. - Repara, ele tinha graves problemas de coração, ainda estava a recuperar de um ataque do coração que tivera meses antes... Estavam os dois sozinhos em casa quando ele se sentiu mal. Ela pode ter feito com que ele se enervasse... Ela até pode ter esperado o suficiente para ser ineficaz a ida da ambulância...

- Calma, Diana, estás a imaginar muita coisa. A tua mãe, tal como o teu pai, tinham muitos defeitos - acho que mesmo que a maioria das pessoas, mas daí dizeres que a tua mãe fez ou ajudou a que o teu pai tivesse outro ataque do coração é um passo muito grande...

- Eu sei lá, Ricardo. Ela disse-me tanta coisa, fez-me tantas acusações, ofendeu-me tanto... Ela chegou ao ponto de desejar a minha infelicidade e a minha falência. Disse que o meu divórcio era sinal de que nunca seria capaz de ser feliz e de fazer alguém feliz e que iria acabar sozinha como ela.

- Realmente a tua mãe foi e é muito cruel, mas... Olha, tens que esquecer isso e acima de tudo, tens que ter a mesma força que tiveste há uns anos - aproximou-se mais de mim e acariciou-me o rosto.

Afastei-me ligeiramente dele.

- Não consigo. Não consegui da primeira vez, não vou conseguir agora.

- Como assim?!





df @ 20:34

Qui, 10/12/09

A campainha da minha casa tocou. Pelo menos foi essa a indicação que o meu cérebro conseguiu transmitir. Era um som abafado.

Tocou novamente.

Demorei a levantar-me e aos tropeções, dirigi-me para a porta, indo contra a mesa de centro e o aparador. Abri-a e não me surpreendi com a presença dele ali.

- Olha quem é ele - disse, rindo-me. Virei-lhe as costas e regressei à sala. Ele veio atrás de mim e eu voltei-me para ele - Vieste aqui reclamar o direito de me insultar e de me bater? - virei-lhe novamente as costas e enquanto me tentava dirigir para o sofá, falei - É que parece que toda a gente tem direito a isso, sem se importar comigo. - Sentei-me e peguei no copo de vinho tinto.

- Estás bêbada! - exclamou.

- O quê?! Só bebi uns copitos, não digas asneiras. És servido?

Bebi de golada o líquido e voltei a encher.

- Está aqui uma garrafa vazia e estás com outra aberta, Diana.

- E agora, paizinho, vais-me bater?

- Não sejas ridícula. Tu vais é beber um café e tomar um banho.

- Que piada! Estás tão engraçado, Ricardo. Não te sabia tão piadético.

Aproximou-se de mim e agarrou-me pelos braços, obrigando-me a acompanhá-lo até à casa-de-banho. Já naquela divisão começou a despir-me.

- Tresandas a álcool e ainda dizes que não estás bêbada?

- Pára! - exigi, mas sem ser muito convincente. Não conseguia ter qualquer controlo dos meus actos.

- Não sei porquê que estás a fazer isto, mas vais tomar um banho e depois vais-te deitar.

- Já que vais fazer isto - disse, apontando para o facto de ele me estar a tirar as calças - não te queres juntar ali comigo na banheira? Vamos fazer o amor - não conseguia parar de me rir dele.

- Pára de dizer disparates, Diana.

Depois daquilo não me lembrava de mais nada, a não ser acordar, despida, debaixo dos meus lençóis na minha cama.

 




df @ 13:48

Ter, 08/12/09

- Desculpe, Lurdes, mas...

- O meu marido estava louco! - acusou, levantando-se do sofá, indo até à janela, decorada com uma cortina branca de organza, com singelos motivos. Virou-se para nós e continuou com o ataque, como se eu e o Ricardo não estivéssemos presentes naquela mesma sala. - Como é possível que ele tenha deixado uma casa à ingrata da nossa filha? Como é possível que ele tenha deixado seja o que for a este fulano? - questionou, apontando para o Ricardo, mas continuando a fixar o olhar no advogado.

- Lurdes, tenha calma! - pediu o doutor João. - O Bernardino estava perfeitamente consciente do que estava a fazer. Foi ele próprio que redigiu o testamento, foi ele que definiu quem ia receber o quê.

- Claro e de certeza influenciado por este aqui. - voltou a apontar o dedo ao Ricardo. - Pelo que ele dizia encontravam-se, não era?

- Desculpe mais uma vez, Lurdes, mas não vou permitir que coloque em causa as decisões do meu cliente! - falou, exasperado, assumindo uma postura mais profissional.

Enquanto o advogado continuava a tentar explicar a situação à minha mãe, o Ricardo optou por dirigir-se à porta de saída. Consegui alcançá-lo já na rua, quando ia começar a atravessá-la para ir até ao café dos pais.

- Espera, Ricardo - pedi.

- O que foi? -perguntou, impaciente, virando-se para mim.

- Já vais embora?

- Vou dar a notícia aos meus pais, que com certeza ficarão felizes por mim ao contrário da tua mãe.

- Pois... Olha, queria fazer-te uma pergunta, pode ser?

- Claro - respondeu, dando dois passos na minha direcção.

- Sabias desta história do meu pai me ter deixado uma casa?

- Sabia - respondeu, secamente.

- E porquê? Porquê que ele me deixou uma casa? Ele...

- O teu pai queria proporcionar-te um local onde pudesses sentir-te bem, porque apesar de tudo, ele ganhou consciência de que nunca te sentiste bem na casa onde cresceste.

- E porque é que ele acharia que me poderia sentir bem numa casa dada por ele? Eu saberia sempre que aquela casa teria uma ligação a ele. Eu vou-me lembrar sempre dele naquela casa, eu vou...

- Diana, - pronunciou o meu nome com veemência, enquanto me agarrava os braços - não vais ficar histérica como a tua mãe, pois não?

- Como!?

- Respira fundo - pediu - O teu pai deixou-te a casa, porque à maneira dele, gostava de ti e quis deixar-te algo valioso e importante. Agora, se quiseres conversar melhor sobre o testamento, acalmas-te e podemos ir até ao café dos meus pais. Pode ser?

- Sim... - respirei fundo como ele me disse - vou só buscar lá dentro o meu casaco e a minha carteira. Já vou lá ter.




df @ 18:53

Dom, 06/12/09

'Antes de mais, se o doutor João está a ler este texto, é porque a constatação é óbvia: morri. Tenho problemas de coração, que só tendem a piorar, por isso...

Bem, mas vamos ao que interessa.

Ao Ricardo deixo uma quantia substancial em dinheiro, que estará no final do testamento a quantia exacta. Este montante será para ele e para a sua família. O Ricardo mostrou ser um homem com bastante potencial, com vontade de lutar por aquilo em que acreditava e acredita. Não entendi isso no devido tempo, mas tentei nos últimos anos recuperar esse tempo perdido. Por outro lado, sei que teve uma importância muito grande na vida da minha filha, especialmente naqueles momentos em que ela achou que fui injusto com ela. Toda a arrogância e egoísmo foi-se dissipando à medida que nos fomos conhecendo. A minha mulher não o soube, mas encontrávamo-nos e falávamos imenso sobre o que se passou e o que se passava. O facto da minha filha ter fugido abriu-me os olhos para duas coisas: que afinal o amor que o Ricardo sentia por ela, não era simplesmente algo de adolescente, mas sim um sentimento verdadeiro e profundo e que a Diana fugiu porque algo estava realmente errado.

Não peço desculpa por nada do que fiz, pois o fiz convicto de que estava a educá-la da melhor forma, dentro dos meus princípios morais. Ela não terá entendido que só queria o melhor para ela e que estava a prepará-la para a vida.

Dito isto, passo para o que deixo à minha filha.

Não me consegui aproximar dela desde que regressou, porque ela não quis e como já disse antes, consigo compreendê-la. Mas com esse objectivo em mente, comprei um apartamento no centro de Gaia para ela. Está todo mobilado e preparado para ela se mudar para lá, com o marido ou com outra pessoa que ela ache que a fará feliz...'

- Isto é ridículo! - exclamei.

- Diana! - retorquiu o Ricardo. - Deixa-o terminar.

- Sim, menina, já lhe pedi para não me fazer perder tempo! Vou continuar então.

'A única coisa que desejo para a minha filha é que ela seja realmente feliz. Se, ao que parece, não consegui fazer com que ela se sentisse bem nesta casa e com os pais, espero que a atitude que tomou a tenha feito agora uma mulher. Uma mulher com um M bem grande. Além disto, quero acrescentar que apesar de ter ficado bastante ressentido com o facto de nos ter roubado e de nos ter mentido durante o último ano que esteve connosco, isso foi tudo perdoado e esquecido. Além da casa, deixo-lhe também uma pequena quantia em dinheiro, na esperança que o seu negócio avance mais um passo.

Por último, a minha esposa. À minha esposa, deixo esta casa e todo o seu conteúdo, onde sempre vivemos, onde construímos a nossa vida e criámos a nossa filha. Espero que continue a ser feliz aqui como sempre aparentou ser. Cometemos muitos erros em relação aos outros e as nós, mas tentámos sempre ultrapassá-los. Quero que fique nesta casa, que aquando a sua morte, passará para a Diana. Além disto, deixo-lhe também uma quantia em dinheiro para poder gozar a vida que lhe resta. Quero que faça as viagens que sempre quis fazer e que, por um motivo ou por outro, não estive disposto a isso.

E é isto. Qualquer dúvida que tenham, tenho a certeza que o doutro João estará disponível para os esclarecer.

Adeus!'

- Mas o que é isto? - reagiu a minha mãe.

 



DESAFIO

Coloquei-vos há tempos o desafio de darem um TÍTULO à nova história que se irá desenvolver nos próximos meses aqui. Ainda não vos dei muita informação, a não ser que as personagens se chamam Rafael e Juliana e que trabalham na mesma empresa. Conforme vou publicando os posts, certamente irão perceber que há muitos segredos para serem revelados...
Além do título, também espero que deixem nos comentários o vosso feedback.
Obrigado
A Gerência

Rubricas:

Além de uma nova história a decorrer no blog, acompanhem também a nova rubrica do blog 'PERDIDOS E ACHADOS DA VIDA', pequenos textos que incidem sobre... Leiam e descubram...

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