A um copo de vinho do Porto, seguiu-se a cerveja e ainda houve tempo para provar algumas bebidas brancas, como vodka. Realmente, sentia-me a pessoa mas divertida do mundo, mas tinha consciência de que não estava bêbada. Ainda assim, a madrugada já ia alta, quando o Tiago insistiu em me acompanhar até ao nosso apartamento. Não, meu apartamento...
- Queres entrar? - perguntei, segurando-me contra a porta de vidro enquanto tirava as chaves bo bolso direito das calças de ganga escuras.
- É melhor não. Já é tarde.
- Anda, entra. - puxei-o pelo braço e caminhamos pelo corredor, eu e a rir baixinho e ele preocupado. - Queres beber alguma coisa? Comer?
- Acho que já foi suficiente em casa da Raquel, não achas?
- Então, já sei o que podemos fazer - afirmei, começando a abrir o fecho do casaco de malha castanho claro dele, atirando-o para o chão.
- O que estás a fazer?
- Acho que é óbvio. Estou a tentar tirar-te a roupa.
Em seguida, tirei-lhe o pólo castanho-chocolate sem objecções.
- Ainda te lembras onde é o nosso quarto?
Deixei-o na entrada, enquanto me entretinha a tirar a minha roupa para o chão, deixando um rasto de sedução e convite para uma noite de paixão.
Não tardou, o Tiago apareceu com o tronco desnudo, mostrando que o seu tempo perdido no ginásio compensava, olhando-me louco de desejo.
Chegada ao quarto, tinha acendido duas velas aromáticas que estavam em cima da cómoda e terminei de me despir até ficar somente com a roupa interior. Sentei-me numa posição aliciante em cima da cama, onde ele me fez companhia e iniciámos o ritual para uma noite de amor.
Acordei com o miar desesperado de um gato vizinho, qual choro de criança desejosa de atenção. Levantei-me e decidi ir preparar o nosso pequeno-almoço.
Sentia o corpo dorido e tinha uma ligeira dor de cabeça. Tinha-me olhado ao espelho: o rosto cansado mostrava umas olheiras intensas e uns olhos vidrados. Tantas emoções em poucos dias definitivamente não faziam bem à pele...
O final da manhã aproximava-se e os fracos raios de sol entravam timidamente pela janela e porta da cozinha.
Apanhei o cabelo num rabo-de-cavalo e encetei a tarefa de preparação da nossa primeira refeição do dia.
- Já tinha saudades de te ver vestida com uma das minhas camisolas - disse o Tiago, à entrada. - Estás a preparar o nosso pequeno-almoço?
- Sim. Tens aqui umas torradas, que eu sei que gostas...
- Queres falar sobre o que aconteceu? - interrompeu.
- Não se passou nada de mais, Tiago, passamos a noite juntos.
- E não estás arrependida?
- A questão não se coloca. Aconteceu e ponto final. Somos adultos e ainda casados para todos os efeitos - afirmei - Estava a pensar que agora à tarde podíamos ir até Leça da Palmeira. Passeávamos...