A campainha da minha casa tocou. Pelo menos foi essa a indicação que o meu cérebro conseguiu transmitir. Era um som abafado.
Tocou novamente.
Demorei a levantar-me e aos tropeções, dirigi-me para a porta, indo contra a mesa de centro e o aparador. Abri-a e não me surpreendi com a presença dele ali.
- Olha quem é ele - disse, rindo-me. Virei-lhe as costas e regressei à sala. Ele veio atrás de mim e eu voltei-me para ele - Vieste aqui reclamar o direito de me insultar e de me bater? - virei-lhe novamente as costas e enquanto me tentava dirigir para o sofá, falei - É que parece que toda a gente tem direito a isso, sem se importar comigo. - Sentei-me e peguei no copo de vinho tinto.
- Estás bêbada! - exclamou.
- O quê?! Só bebi uns copitos, não digas asneiras. És servido?
Bebi de golada o líquido e voltei a encher.
- Está aqui uma garrafa vazia e estás com outra aberta, Diana.
- E agora, paizinho, vais-me bater?
- Não sejas ridícula. Tu vais é beber um café e tomar um banho.
- Que piada! Estás tão engraçado, Ricardo. Não te sabia tão piadético.
Aproximou-se de mim e agarrou-me pelos braços, obrigando-me a acompanhá-lo até à casa-de-banho. Já naquela divisão começou a despir-me.
- Tresandas a álcool e ainda dizes que não estás bêbada?
- Pára! - exigi, mas sem ser muito convincente. Não conseguia ter qualquer controlo dos meus actos.
- Não sei porquê que estás a fazer isto, mas vais tomar um banho e depois vais-te deitar.
- Já que vais fazer isto - disse, apontando para o facto de ele me estar a tirar as calças - não te queres juntar ali comigo na banheira? Vamos fazer o amor - não conseguia parar de me rir dele.
- Pára de dizer disparates, Diana.
Depois daquilo não me lembrava de mais nada, a não ser acordar, despida, debaixo dos meus lençóis na minha cama.