Aqui vai o segundo texto desta nova história.
CAPÍTULO UM - PARTE DOIS
- Isa, faz-me um favor, quando vires o Rafael sair, avisa-me e empata-o. Quero falar com ele - disse Juliana, pelo telefone à recepcionista.
- De certeza? Ouvi dizer que vocês voltaram a discutir.
- Os rumores correm depressa - comentou friamente. - Não interessa se discutimos ou não, Isa, avisa-me quando ele sair.
Ela anuiu e desligou o telefone.
Juliana olhou o monitor e depois rodou a cadeira para a janela do seu gabinete. Tomara uma decisão e já não havia forma de voltar atrás. Não queria.
Pouco depois das seis da tarde, recebeu o telefonema pelo qual esperava. Pegou na carteira e no casaco e saiu desenfreada, descendo as escadas atabalhoadamente.
- Desculpa, Juliana, sei que não demoraste muito, mas ele não estava para conversa hoje, mas acho que ainda consegues apanhá-lo no estacionamento.
- Obrigado na mesma, Isa. Diz ao José que já saí e que depois lhe explico.
Saiu mais uma vez com pressa, abrindo a porta, desaforada, correndo para o que lhe pareceu ser o carro dele. Não tinha por hábito reparar nessas coisas.
- Espera, Rafael - pediu, batendo no vidro do lado do passageiro.
Ele olhou-a com desagrado. Não queria mais discussões. Talvez por isso, em vez de arrancar e ignorá-la, decidiu abrir a porta do carro e saiu.
- O que se passa, Juliana? - perguntou, impaciente.
- Eu quero somente que percebas que entre nós não pode existir nada - começou.
- Então agora já admites o que se passou entre nós? Já começava a pensar que tinha sido imaginação minha. - falou.
- Não precisas de usar sarcasmos comigo. O facto de eu te dizer que não vai resultar, é que há pelo menos dois motivos muito fortes para isso. - contornou o carro e aproximou-se dele.
- Ai sim?! - retorquiu ele, céptico da afirmação dela.
- Sim e se me deres oportunidade, sei de um sítio onde podemos conversar sem ser no nosso posto de trabalho, com toda a comodidade.
- E se eu te negar esse prazer? - perguntou, dando mais um passo na sua direcção.
- Acredita que não será prazer algum. - respondeu, retrocedendo. - Quero apenas que entendas, uma vez por todas, os meus motivos. Não quero continuar com as nossas discussões. Não é bom para nós nem para a empresa.
- Está bem! - acatou ele, continuando sem acreditar que finalmente após meses de sedução, iria saber os motivos de contínua rejeição.
- A viagem demora mais de trinta minutos. Espero que tenhas o depósito cheio. - afirmou ela, tentando evitar esboçar um sorriso perante a facilidade com que disse uma graçola.