Os TEXTOS que se seguem são pura FICÇÃO e qualquer semelhança com a REALIDADE é pura coincidência!
Este espaço permite-me dar-vos a conhecer todo o meu entusiasmo pelas palavras.


df @ 15:19

Seg, 11/01/10

- Quer dizer... Os meus pais divorciaram-se quando eu tinha nove anos. Foi muito difícil e eu só me apercebi que as coisas estavam mesmo mal quando eles me falaram que se iam separar. Por um lado, acho que foi positivo as diferenças deles nunca terem interferido na minha rotina. Não passei pelo medo, pelo receio da separação. Aconteceu e pronto. Depois a adaptação foi muito difícil, mas já o ia ser de qualquer maneira e de qualquer maneira eu não ia aceitar... Mas acabei por superar tudo. A minha mãe foi um exemplo de mulher, ainda é um exemplo, como é evidente... Eu sei que tu também o és e tenho a certeza que o Dinis irá crescer bem.

- Também espero, mas tenho receio por ele. Tenho... - não se permitiu continuar e deixou que a interrupção da empregada Ana fosse suficiente para evitar mais uma declaração tão íntima. - Dinis, anda jantar.

Depois do simples repasto - arroz branco com legumes e frango grelhado -, sentaram-se no sofá, prosseguindo com um diálogo calmo, enquanto saboreavam o café.

- O Dinis anda num infantário?

- Sim. Um infantário caríssimo, pago pela minha sogra - ironizou.

- Ex-sogra - corrigiu ele.

- Sim, ex-sogra. Ela não queria que ele fosse para o infantário, mas eu queria. Por ela, ele ficava sempre ao cuidado da ama, mas eu queria que ele tivesse contacto com meninos da idade dele. Quando finalmente a convenci, a contrapartida foi ela escolher o infantário.

- Mas tens na mesma a ama...

- Sim - esclareceu. -  A Ema vai buscar o Dinis ao infantário, porque nunca posso e fica com ele até eu chegar. Durante o dia, ela estuda, apesar da minha sogra tê-la como uma empregada normal. Mas eu quis dar-lhe a oportunidade dela ir para a faculdade...

- Mamã! - chamou o Dinis.

- Sim, amor. Anda cá, senta-te aqui no nosso meio.

- Ele é um amor! - elogiou o Rafael.

- Ele trata-me assim quando quer alguma coisa, não é, meu rei? Ou então quando está a ficar com sono...

- Não sejas má. Ele parece tão meigo.

- Eu sei e é muito meiguinho mesmo e como praticamente só nos temos um ao outro, somos muito chegados. Olha, já está a dormir...

Naquele preciso momento, a Ema entrou na sala.

- Precisas de alguma coisa? - perguntou ela.

- Por acaso, até preciso. Importas-te de me levar o Dinis para a cama? Depois, já podes ir embora.

- Claro - respondeu a empregada, mantendo-se sempre muito afável.

Acordou-o com cuidado e pegou-o pela mão, ajudando-o a levantar-se do colo de Juliana. Apesar de birrento, Dinis acompanhou-a, deixando-os a sós.

- Posso-te dizer uma coisa? - questionou Rafael.

- Claro.

- Prometes não te zangar comigo?

Ela sorriu.

- A verdade é que não te conheço muito bem e, apesar disso, gostava que me desse uma oportunidade, mas uma coisa te digo: podes ser rica, abastada, o que lhe quiseres chamar, mas esta casa não tem nada a ver contigo!

Juliana soltou uma gargalhada. Ele fazia-a sentir tão bem, tão descontraída. Era tão bom ouvinte. Era uma lufada de ar fresco na sua vida e, de facto, surpreendeu-a com o que disse. Voltou a rir-se, lembrando-se mais uma vez das palavras dele.

Ela tirara conclusões precipitadas pelo pouco que conhecia dele. Sabia que ele conseguia ser arrogante, cínico e ambicioso, mas parecia que o era somente na sua vida profissional. Porém, na sua vida pessoal, a ambição era um factor predominante. Não desistira dela, apesar de todas as rejeições que levara ao longo de meses, especialmente depois do incidente na discoteca.

- Eu não gosto desta casa, essa é que é a verdade, mas não tenho para onde ir.

- Ela é enorme e parece que ainda tem muito terreno à volta, que deve valer uma fortuna,

- Eu gostava de ter uma casa mais pequena, com dois quartos, com um pequeno pátio para o Dinis brincar. Isso já era suficiente para nós os dois. Mas a verdade é que é um risco enorme sair daqui e não posso vendê-la - admitiu - Esta casa pertence a mim e ao Dinis, mas não posso vendê-la. 

- Não o podes ou não o queres fazer? - questionou-a, desculpando-se imediatamente a seguir pela insistência no assunto, depois de ver o desagrado e a tristeza no seu rosto.

- Não faz mal. Esta casa foi uma prenda de casamento dos meus sogros, ou seja, era deles. A verdade é que a minha sogra ameaça-me que se pensar sequer em sair daqui, tira-me o Dinis.

- O quê? Ela não pode fazer isso.

- Acredita que pode.

- E achas que ela conseguia?
- Por enquanto, não quero mesmo pensar nisso. Mas o certo é que ela tem mais condições financeiras e muitos conhecimentos, entendes? Não quero arriscar. Por enquanto, não quero mesmo arriscar. - Repetiu - Adio isto há quase cinco anos, desde que o Filipe morreu. Nunca sinto que é o momento certo de a enfrentar, porque o risco, como te disse, é demasiado elevado.

- E com isso colocas o teu bem-estar em causa?

- Não, não ponho. Sabes porquê? Porque a minha vida gira em torno do Dinis e do meu trabalho e enquanto isso correr bem, eu estou naturalmente bem.

- E não pensas sequer em querer mais para ti?



DESAFIO

Coloquei-vos há tempos o desafio de darem um TÍTULO à nova história que se irá desenvolver nos próximos meses aqui. Ainda não vos dei muita informação, a não ser que as personagens se chamam Rafael e Juliana e que trabalham na mesma empresa. Conforme vou publicando os posts, certamente irão perceber que há muitos segredos para serem revelados...
Além do título, também espero que deixem nos comentários o vosso feedback.
Obrigado
A Gerência

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Além de uma nova história a decorrer no blog, acompanhem também a nova rubrica do blog 'PERDIDOS E ACHADOS DA VIDA', pequenos textos que incidem sobre... Leiam e descubram...

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