Não morri. Que contestação para ser feita, quando me sinto ladeada pela compaixão e crítica humana.
Ao abrir os meus olhos, qual espelho de realidade fingida, um nevoeiro assombrou-me. Estaria a ficar cega? Mais valia, para não ver rostos de consternação.
Fiquei calada. Estavam duas pessoas no meu quarto de hospital. Sim, era impossível não entender onde estava, não fosse aquele cheiro a amoníaco me irromper pelas narinas.
Quem me trouxera para ali? Quem me perpetuava para uma vida que eu não queria? Quem me arrancara de uma morte certa?
Sem querer, soltei um queixume quase silencioso e acordei-os da sistemática preocupação.
- Acordaste, meu amor! Deixaste-nos tão preocupados. - disse ele.
- O que ela está a fazer aqui? - perguntei, depois de vislumbrar um rosto tão familiar e ao mesmo tempo tão estranho.