Hoje regressei ao trabalho.
Farta de estar em casa, voltei ainda dentro do período de convalescença.
O escritório permanecia igual. As mesmas caras, a mesma confusão de papéis em cima da mesa, o mesmo agrafador, as mesmas canetas... Tudo... Até eu me sentia igual desde que partira o pé.
Podia-se pensar que estas cinco semanas em casa deveriam ter-me dado tempo para reflectir na minha vida, mas não. Está tudo igual. Não me importo, gosto da minha vida assim. Simplesmente só.
Durante a manhã houve uma pequena reunião para eu verificar que tinha havido alterações na minha ausência (não percebi foram quais...), para eu perceber que a vida tinha continuado sem mim. Que novidade!
Bem, mas o meu trabalho como técnica de departamento de planeamento de uma empresa têxtil (nome pomposo...!) é aborrecido e o interessante era pensar que finalmente voltaria à minha rotina e isso significava voltar a frequentar aquele cafezito na esquina, onde eu gostava de ir lá antes de entrar no escritório e depois de sair. Era ao final da tarde que eu o via. Era o momento alto do meu dia.
Quem era ele? Seria mesmo aquela pessoa que eu pensava que era? Pelo menos tratava bem a funcionária que o atendia, já não era mau...